domingo, 13 de setembro de 2009

FESTAS

Hoje lembrando aqueles tempos de minha infância, noto que as festas que eram feitas na capela onde morávamos eram simples, a participação era limitada devido a pouca concentração de habitantes naquele interior de município distante da sede, mas para nós crianças parecia ser um grandioso acontecimento, que aguardávamos com ansiedade.


Tudo para nós tinha um ar diferente, havia novenas antecedendo a festa onde para cada dia uma família ficava responsável pela sua realização, que embora praticamente iguais diferiam em algum aspecto e com isso serviam de parâmetro para julgá-las se foram bem realizadas, não que houvesse disputa para este fim.

Já nos dias anteriores, os moradores mais próximos e festeiros que previamente haviam sido escolhidos, faziam a limpeza do terreno onde estava situada a capela, o salão de festas e demais componentes que faziam parte do conjunto onde a festa seria realizada.

A véspera da festa era o dia de maior trabalho para aqueles que eram responsáveis pela sua organização, tinham que ser abatidos os animais para o churrasco, que fora a cerimônia religiosa era a principal atração, alem da fabricação de pães, bolos e demais alimentos especialmente feitos para o evento.

As bebidas só chegavam no dia, trazidas por caminhão de alguma distribuidora da cidade, sendo que a mesma ficava responsável pelas vendas e posterior divisão dos lucros com os organizadores da festa.

Para manter a temperatura baixa, as bebidas eram deixadas em um buraco, cavado no chão de terra, com serragem de madeira e algumas poucas barras de gelo. Pode-se imaginar que no fim da festa as bebidas não estavam mais com uma temperatura agradável, mas isso, no entanto pouca diferença estava fazendo para os bebedores mais afoitos.

A carne assada na brasa em espetos de madeira sobre valas abertas no chão, era, para o povo simples do interior era um grande festim, pois poucas vezes tinham oportunidade de saboreá-la desta maneira.

Pão feito de trigo branquinho era raro naqueles tempos em a maioria comia a broa, o chamado pão-misturado, o virado de feijão, bolo então só nas festas mesmo.

A tarde sempre havia danças no salão com o acompanhamento de algum gaiteiro da região e em poucas ocasiões com algum conjunto vindo da cidade para animar a festança.

Apesar da presença absolutamente necessária de alguns policiais, não raro acontecia, já no fim do dia, discussões e brigas devido aos ânimos exaltados pelo consumo de bebidas alcoólicas e alguma desavença pré- existente entre alguns moradores do lugar.

De qualquer forma a festa tinha seu lado positivo, pois servia para dar incentivo e animar aquela gente que pouco divertimento tinha e muito trabalhava. No final de uma, já se aguardava a próxima festa.

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