quinta-feira, 24 de setembro de 2009

BRINCADEIRAS



No meu tempo de criança o que contava para se brincar era a criatividade, não tinha brinquedo para venda, principalmente no interior onde morávamos, daí a necessidade de criarmos as brincadeiras para nosso divertimento.


Algumas brincadeiras que fazíamos naquele tempo exigiam além de idéias, preparo físico para colocá-las em prática e muita imaginação no sentido de adaptarmos os materiais que utilizávamos.

Para o balanço, usávamos uma corda comum desde que um mais corajoso subisse em uma árvore com um galho posicionado mais ou menos na horizontal onde a corda seria amarrada.

Um toco de árvore e uma tábua transformavam-se em um gira-gira que chamávamos de rodopio, um cepo menor com uma tábua atravessada era um excelente pula-pula. Para brincarmos de caçador o que tínhamos era uma bola de pano velho que também servia para o futebol embora durassem poucos chutes. Na falta de bolinhas de vidro para o jogo de bulica, fazíamos de barro mole que depois de moldadas eram secas para ficarem duras, estas também tinham pouca duração. Carrinhos eram feitos de pedaços de madeira, lembro que as rodas eram carretéis também de madeira, nos quais vinham a linha usada em costura. Para os estilingues, que conhecíamos por setra, bastavam três itens: a forquilha de um galho qualquer, a sola de um calçado velho e a borracha que era muito difícil de encontrar por ser a mesma usada em câmeras de pneus, devido aos poucos veículos que circulavam e que só depois de muitos remendos eram descartadas, e não eram todas as borrachas que serviam, tinha as que chamávamos de cansadas, estas não tinham elasticidade adequada. A “munição” utilizada eram pedras catadas de preferência na beira de rios, já que estas eram mais arredondadas.

Com várias camadas de palha de espigas de milho fazíamos a peteca na qual depois colocávamos penas de galinha para dar o equilíbrio necessário. Na terra riscávamos as casas para o jogo da amarelinha. Pequenas rodas d água, com encanamento de talos de folhas de abóbora ou taquara, fazíamos funcionar numa nascente de água que tinha perto da casa. Além destas brincadeiras tinha o esconde-esconde, as guerras com armas de pau e muitas outras.

Quem ler o que estou escrevendo pode pensar que nossa vida consistia apenas em brincar, pelo contrário, trabalhávamos na lavoura e nos muitos afazeres que fazem parte dos que moram no interior, sem contar a escola que frequentávamos e que por sinal ficava bastante longe de nossa casa.

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