terça-feira, 29 de setembro de 2009

COBRAS







Dizem que nascemos naturalmente com apenas dois tipos de medo: medo de altura e do desconhecido, os outros medos são impostos a nós pelo pais e outras pessoas com o decorrer do tempo, através de ameaças, histórias e também quando presenciamos algum fato que seja fora do normal.


O maior medo, quase doentio, que me acompanhou na infância foi de cobras, de qualquer tamanho e espécie, devido aos vários casos de acidente com as mesmas e ao grande numero existente no lugar onde morávamos, a presença de cobras nas lavouras e mesmo nos arredores da casa era constante. Na verdade tivemos muita sorte por nunca sofrermos a picada de nenhuma delas, pois vivíamos no meio dos matos e principalmente devido ao fato de andarmos sempre de pé no chão, isto é, sem calçados.

Conhecíamos pessoas que devido à picada de cobra e principalmente pela falta de socorro imediato haviam perdido membros inferiores, e a visão destas pessoas aleijadas contribuíam para aumentar o pavor que eu tinha pelas cobras, vale dizer que não sabíamos distinguir as peçonhentas das não venenosas, para nós eram todas iguais e deveriam ser mortas, ou elas ou nós, e não víamos nada que justificasse a existência destes animais no mundo que personificavam o mal, responsável pela expulsão do homem do paraíso.

Normalmente as cobras vivem em buracos na terra ou furnas em meio das pedras, mas lembro de uma espécie, não sei definir qual, que fazia seus ninhos sobre arbustos em cima da água de um rio que passava perto de nossa casa, muito interessante estes ninhos sinuosos que acompanhavam o formato do corpo das próprias cobras que ali permaneciam por muito tempo, principalmente nas horas que o sol estava mais quente. Até hoje não sei dizer de que espécie eram estas cobras e também nunca mais vi ninhos daquela forma.

Lembro de que uma certa ocasião, ao voltarmos para casa, depois da aula eu e outro irmão matamos uma cobra que estava atravessando a estrada e ele, com ajuda de um galho, estava levando esta cobra para ser mostrada aos outros da casa e sabendo do meu medo aproximou a cobra de mim, num gesto instintivo joguei a sacola que levávamos os cadernos em sua direção indo atingir seu rosto fazendo um pequeno ferimento, pelo qual acabei levando alguns tapas de minha mãe, pois nunca deveríamos tirar sangue de um irmão, um dos maiores pecados do mundo.

Confesso que até nos dias de hoje cultivo certo receio com relação às cobras, embora consiga diferenciar as várias espécies e saber de seu papel dentro do meio ambiente em que vivem.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

VACINAÇÃO





Nos dias de hoje existem várias campanhas para que as pessoas tomem suas vacinas seguindo um roteiro pré-estabelecido, dependendo da época do ano e das prováveis doenças que poderão ocorrer, existem na infância vacinas que são obrigatórias e graças a isso muitos males foram erradicados em nosso pais.


Mesmo com a constante conscientização do povo, através de esclarecimentos na imprensa, têm aqueles que ainda se retraem e procuram se esquivar de tomar as vacinas e com esta atitude prejudicam a melhoria geral da saúde de todos. Como exemplo temos a vacinação anti-gripal que é vista por muitos com certo receio e nunca atinge o percentual desejado.

Agora imagine o que era fazer vacinação a mais de quarenta anos atrás, sem as informações de hoje, o povo era arisco para este tipo de coisa e procurava se esquivar de qualquer forma destas medidas que visavam à melhoria da saúde da população, especialmente destes, os menos informados que estavam mais propensos a contraírem doenças, devido ao modo de viver sem saneamento e pouco higiene que era comum naquele tempo.

No interior, as poucas vezes que era feita, a vacinação ocorria normalmente nas escolas e quando era avisada com antecedência dificilmente atingia o número desejado de doses, já que os alunos evitavam ir à escola neste dia. Então acontecia da equipe de vacinadores chegarem de forma inesperada e mesmo assim vi casos de pessoas pulando janelas e sumindo no mato para evitar a tão temida agulhada. Era uma verdadeira caçada para que pelo menos a maioria fosse vacinada, curioso que o valente povo daqueles tempos não tinha medo de enfrentar uma briga de faca, já uma agulhinha...

Sabemos que na história do Brasil houve em certa época no Rio de Janeiro a chamada Revolta da Vacina em que o povo pegou até em armas para que a ordem de vacinação em massa organizada por Osvaldo Cruz não fosse posta em prática.

O lado irônico da história é que erradicamos algumas doenças, mas em contra partida a cada dia surgem novas.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

BRINCADEIRAS



No meu tempo de criança o que contava para se brincar era a criatividade, não tinha brinquedo para venda, principalmente no interior onde morávamos, daí a necessidade de criarmos as brincadeiras para nosso divertimento.


Algumas brincadeiras que fazíamos naquele tempo exigiam além de idéias, preparo físico para colocá-las em prática e muita imaginação no sentido de adaptarmos os materiais que utilizávamos.

Para o balanço, usávamos uma corda comum desde que um mais corajoso subisse em uma árvore com um galho posicionado mais ou menos na horizontal onde a corda seria amarrada.

Um toco de árvore e uma tábua transformavam-se em um gira-gira que chamávamos de rodopio, um cepo menor com uma tábua atravessada era um excelente pula-pula. Para brincarmos de caçador o que tínhamos era uma bola de pano velho que também servia para o futebol embora durassem poucos chutes. Na falta de bolinhas de vidro para o jogo de bulica, fazíamos de barro mole que depois de moldadas eram secas para ficarem duras, estas também tinham pouca duração. Carrinhos eram feitos de pedaços de madeira, lembro que as rodas eram carretéis também de madeira, nos quais vinham a linha usada em costura. Para os estilingues, que conhecíamos por setra, bastavam três itens: a forquilha de um galho qualquer, a sola de um calçado velho e a borracha que era muito difícil de encontrar por ser a mesma usada em câmeras de pneus, devido aos poucos veículos que circulavam e que só depois de muitos remendos eram descartadas, e não eram todas as borrachas que serviam, tinha as que chamávamos de cansadas, estas não tinham elasticidade adequada. A “munição” utilizada eram pedras catadas de preferência na beira de rios, já que estas eram mais arredondadas.

Com várias camadas de palha de espigas de milho fazíamos a peteca na qual depois colocávamos penas de galinha para dar o equilíbrio necessário. Na terra riscávamos as casas para o jogo da amarelinha. Pequenas rodas d água, com encanamento de talos de folhas de abóbora ou taquara, fazíamos funcionar numa nascente de água que tinha perto da casa. Além destas brincadeiras tinha o esconde-esconde, as guerras com armas de pau e muitas outras.

Quem ler o que estou escrevendo pode pensar que nossa vida consistia apenas em brincar, pelo contrário, trabalhávamos na lavoura e nos muitos afazeres que fazem parte dos que moram no interior, sem contar a escola que frequentávamos e que por sinal ficava bastante longe de nossa casa.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Monge João Maria



          
                                                    Alto João Maria,embaixo José Maria.


Quando criança ouvia muito falarem deste homem, considerado santo pelas pessoas do interior, que inclusive seguiam alguns preceitos por ele divulgados, sendo que os mais antigos contavam até de encontros que haviam tido com ele.


Conheci locais onde diziam ter João Maria estado e estes lugares com suas fontes de água eram visitados por pessoas em busca de cura para algum mal e segundo elas o seu desejo era realizado, para chás era utilizado um pequeno arbusto chamado de erva de São João Maria do qual se atribuíam poderes curativos.

Só depois de adulto tive curiosidade e oportunidade de conhecer a história deste monge considerado santo para a população simples de tempos atrás e para muitos ainda hoje.

Na verdade existiram três monges no passado com características semelhantes e com isso confundindo as pessoas de modo que muitos pensavam ser um só e por serem de épocas diferentes, embora com poucos anos entre a aparição de cada um deles, somando os anos, uma só pessoa teria uma idade avançadíssima e era isso que o povo acreditava e mesmo nos dias de hoje há gente que crê que ele vive nos morros de Taió SC com mais de duzentos anos e que ainda virá fazer suas pregações e julgamento dos bons e dos maus conforme seus procedimentos.

O primeiro monge, João Maria de Agostinho, italiano de nascimento, surgiu no ano de 1840 em plena revolução Farroupilha. Com sua barba longa e vestimentas rústicas, peregrino não permanecendo por muito tempo num mesmo lugar, era considerado profeta, pregador da palavra de Deus e curandeiro, para este fim utilizava rezas, ervas e água benta e para muitos realizava verdadeiros milagres. Com suas críticas a situação reinante na época revelava-se, embora veladamente, suas tendências em apoiar os revoltosos do sul.

Anastás Marcaf, de origem francesa, foi o segundo monge, confundindo-se com o primeiro usava o nome de João Maria de Jesus e embora agisse do mesmo modo que o outro era declaradamente simpático aos maragatos, na época em guerra com as forças governamentais. Em suas andanças declarava ter recebido em sonhos a missão de pregar os ensinamentos de Jesus, profetizava castigos de Deus, guerras, pragas e a fome que viria embora desse conselhos e remédios que aliviavam a vida do sofrido povo que o procurava.

Já o terceiro a surgir, embora assumindo o lugar dos anteriores, dizendo ser em algumas ocasiões a reencarnação do primeiro, em outras ser irmão do segundo, tratava-se de Miguel Lucena Boaventura ex-militar do Paraná expulso da corporação, sendo inclusive acusado de estupro aqui em Palmas, adotou o nome de José Maria de Agostinho e aproveitando-se da fama de seus antecessores e ainda da situação caótica vivida na época pelos caboclos nesta região contestada pelo Paraná e Santa Catarina e que tinham suas posses de terra sendo tomadas por grandes latifundiários e principalmente pela companhia norte americana Lumber, tornou-se a gota de água que faltava para a deflagração da Guerra do Contestado com saldo de muitas mortes e atrocidades praticadas por ambos os lados que dela participaram.

Este último, mais que santo foi um guerrilheiro que usando e abusando da ingenuidade dos pobres caboclos levou-os a uma guerra que certamente não poderia ter êxito contra as forças federais.

Em resumo, a passagem dos monges nestas terras de um modo geral foi benéfica devido ao apoio que prestaram aos habitantes isolados e esquecidos nos sertões de outrora.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

BENZEDEIRAS


Figuras comuns no interior, estas pessoas muitas vezes deixam seus próprios afazeres para dedicar algum tempo em benefício de outras que necessitam de sua ajuda para a cura de alguma doença ou até de algum problema espiritual.


Estas pessoas, muitas vezes menosprezadas nos dias de hoje, foram em várias ocasiões responsáveis pela sobrevivência dos pobres que as procuravam com a impossibilidade de buscar um médico.

As suas rezas, remédios caseiros ou apenas seus conselhos serviam de alento para que o povo humilde levar avante a sofrida vida que lhes fora destinada. Muitas destas benzedeiras conseguiam dar forças e ânimo para os outros embora a sua situação fosse pior que a dos mesmos.

Lembro de modo especial de uma senhora, embora tenha esquecido seu nome a sua figura me vem à lembrança, extremamente pobre e seu casebre no meio de um matão onde vivia sozinha, apenas com alguns animais, sobrevivendo de algumas plantinhas por ela cultivadas e alguns outros alimentos levados por aqueles que a procuravam em busca de uma reza ou remédio que ela mesma fazia com ervas.

Eu mesmo quando pequeno fui levado por minha mãe para que fosse curado de certa dor nas costas que chamávamos de “rendidura”, como tratamento seria feito a “costura”, embora hoje não acreditar neste tipo de procedimento, naquela época curiosamente dava resultado e isto é explicado pela fé que depositávamos no trabalho desta senhora.

Havia um ritual a ser seguido para que a cura acontecesse, teria que ser feito em três dias consecutivos e impreterivelmente antes do por do sol de cada dia, com a pessoa voltada para o poente, a benzedeira munida de uma pequena almofada de pano, agulha e linha postava-se atrás do paciente, eu neste caso, murmurava algumas rezas e terminava pedindo o que ela costurava, a esta pergunta deveria responder o que ela previamente havia ensinado, estranho era a resposta que aqui transcrevo exatamente como deveria ser: “carne quebrada, nervo torto e osso rendido”.

Esquisito, não? De qualquer forma na terceira vez estava sem nenhuma dor. Devo confessar que para mim, bem pequeno, o local onde morava e a figura estranha desta senhora me impressionara e causara bastante medo a ponto da dor nas costas que sentia ter ficado em segundo plano.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

TROPEIROS



Grande parte da nossa história e conquistas devemos a estes valentes desbravadores que com sua coragem e ousadia trouxeram progresso a estes outrora sertões inóspitos e com determinação fixaram nossas fronteiras.


Depois dos bandeirantes que tinham por finalidade apenas a busca de riquezas e captura de índios para o serviço escravo sem se fixarem nos locais vieram estes bravos que com rotas determinadas foram fundando cidades ao longo do percurso.

Palmas foi importante rota de tropeiros e seus campos naturais serviram para a instalação de grandes fazendas para a criação e engorda de gado.

Tive o prazer, se bem que superficialmente, de conhecer alguns homens que fizeram parte da grande lista destes tropeiros, heróis da nossa terra.

Dentre outros conheci os Srs. Dário Boese, Jorge Donner, Heitor de Lara, Amazonas Leão, Valdomiro Ribas, que ainda vive e em especial o Sr. João Soares, conhecido também por João Maurício, que faleceu a pouco tempo com quase 100 anos e deste ouvi muitas histórias vividas por ele em suas longas tropeadas.

Contou-me das viagens que fez para buscar sal em União da Vitória, sal este que em épocas anteriores tinha que ser pego em Paranaguá e só com a chegada do trem foi possível a sua aquisição aqui mais perto e mesmo assim eram quase 150 quilômetros em lombo de mulas para aqui chegar.

Para as primeiras casas de alvenaria e a antiga igreja foi necessário buscar a areia usada na construção, também em cargueiros de mulas, nas margens do Rio Iguaçu distante 80 km de Palmas.

O gado em grandes tropas era levado até Palmeira, tendo para isso que ser feita a travessia a nado num vau do Iguaçu que hoje não se percebe devido ao aumento do nível da água do reservatório de usina hidrelétrica.

Grandes tropas de porcos eram levadas com destino a Jaguariaíva para abate nos imensos frigoríficos Matarazzo e para este fim eram usados métodos até um pouco cruéis, conta seu João que para evitar que os animais se dispersassem durante as longas jornadas muitas vezes seus olhos erram costurados ou então cegados com a aplicação de Creolina, medicamento usado para a cura de bicheiras dos próprios suínos.

Devemos nos lembrar que grande parte do progresso e conforto que hoje desfrutamos deve-se a coragem e sacrifício destes tropeiros do passado.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

ESCOLAS (antigamente era assim)

Quando pequeno fiz meus primeiros estudos em escolas que hoje seriam motivos de riso devido às condições precárias dos locais onde estudávamos, já as professoras mereciam um diploma de mérito pelo ensino que proporcionavam, apesar das dificuldades que tinham que enfrentar, as crianças daquele tempo e naquele lugar do interior.


Quero aqui lembrar que apenas uma professora era responsável pelo ensino de todos os alunos, independente de idade e da série que estudava, todos em uma mesma sala.

Imagine a confusão que esta professora tinha que enfrentar diariamente, atendendo a todos com as diferenças de cada um, na verdade a professora do interior naquele tempo tinha que ser uma pessoa fora de serie pois acumulava várias funções ao mesmo tempo. Vejam: professora, diretora (responsável pela escola), merendeira (quando existia merenda), zeladora e ainda conselheira de alunos e muitas vezes também dos pais.

A primeira escola que freqüentei funcionava no salão da capela com o seguinte detalhe; não possuía paredes, imaginem o frio que passávamos, vento e até mesmo a chuva em alguns dias, levando em conta que muitos não possuíam roupas quentes e calçados eram raros naqueles invernos rigorosos de antigamente.

Devido à falta de paredes e como isso trazia sofrimento principalmente as crianças menores é que a professora mudou a escola para uma pequena casa de propriedade de sua família, só que literalmente fomos parar no meio do mato e embora esta tivesse paredes, não tinha assoalho, era de chão batido.

A terceira escola, embora mais longe, era a que melhor condições apresentava, e isso graças aos donos de uma serraria que a construíram dentro do pátio da mesma.

Agora vejam que convivíamos com o barulho das máquinas sem contar com o perigo da proximidade das toras e das grandes pilhas de madeira ali existentes.

A merenda que seria de obrigação do governo, poucas vezes chegava até nós e muitos tinham nela o reforço da alimentação que faltava em seu pobre lar, a professora inúmeras vezes supria esta falta com seus próprios recursos e com isso corroia o seu já minguado salário, em época de pinhão, abundante no lugar, alguns alunos eram destacados para coletá-los e fazerem a “sapecada” com a qual faríamos a merenda na hora do recreio.

Apesar de todos estes percalços, aprendíamos e crescemos para a enfrentar as dificuldades da vida o que me leva a indagar: o ensino hoje tem tantos problemas como alguns afirmam, o trabalho dos professores é tão estressante?

domingo, 13 de setembro de 2009

FESTAS

Hoje lembrando aqueles tempos de minha infância, noto que as festas que eram feitas na capela onde morávamos eram simples, a participação era limitada devido a pouca concentração de habitantes naquele interior de município distante da sede, mas para nós crianças parecia ser um grandioso acontecimento, que aguardávamos com ansiedade.


Tudo para nós tinha um ar diferente, havia novenas antecedendo a festa onde para cada dia uma família ficava responsável pela sua realização, que embora praticamente iguais diferiam em algum aspecto e com isso serviam de parâmetro para julgá-las se foram bem realizadas, não que houvesse disputa para este fim.

Já nos dias anteriores, os moradores mais próximos e festeiros que previamente haviam sido escolhidos, faziam a limpeza do terreno onde estava situada a capela, o salão de festas e demais componentes que faziam parte do conjunto onde a festa seria realizada.

A véspera da festa era o dia de maior trabalho para aqueles que eram responsáveis pela sua organização, tinham que ser abatidos os animais para o churrasco, que fora a cerimônia religiosa era a principal atração, alem da fabricação de pães, bolos e demais alimentos especialmente feitos para o evento.

As bebidas só chegavam no dia, trazidas por caminhão de alguma distribuidora da cidade, sendo que a mesma ficava responsável pelas vendas e posterior divisão dos lucros com os organizadores da festa.

Para manter a temperatura baixa, as bebidas eram deixadas em um buraco, cavado no chão de terra, com serragem de madeira e algumas poucas barras de gelo. Pode-se imaginar que no fim da festa as bebidas não estavam mais com uma temperatura agradável, mas isso, no entanto pouca diferença estava fazendo para os bebedores mais afoitos.

A carne assada na brasa em espetos de madeira sobre valas abertas no chão, era, para o povo simples do interior era um grande festim, pois poucas vezes tinham oportunidade de saboreá-la desta maneira.

Pão feito de trigo branquinho era raro naqueles tempos em a maioria comia a broa, o chamado pão-misturado, o virado de feijão, bolo então só nas festas mesmo.

A tarde sempre havia danças no salão com o acompanhamento de algum gaiteiro da região e em poucas ocasiões com algum conjunto vindo da cidade para animar a festança.

Apesar da presença absolutamente necessária de alguns policiais, não raro acontecia, já no fim do dia, discussões e brigas devido aos ânimos exaltados pelo consumo de bebidas alcoólicas e alguma desavença pré- existente entre alguns moradores do lugar.

De qualquer forma a festa tinha seu lado positivo, pois servia para dar incentivo e animar aquela gente que pouco divertimento tinha e muito trabalhava. No final de uma, já se aguardava a próxima festa.

sábado, 12 de setembro de 2009

PATO BRANCO

Conheci este município quando ainda era pequeno, tanto eu como ele, foi lá pelo ano de 64, portanto a mais de quarenta anos.


Nós morávamos no interior de Palmas e meus avôs na localidade de Saudadinha, hoje município de Galvão SC, a viagem que hoje é feita em poucas horas naquele tempo era uma verdadeira epopéia, tinha que ser bem planejada e necessitava de bastante tempo para colocá-la em prática.

Iríamos fazer uma visita aos avôs, que chamavas-mos de nonos devido à ascendência italiana, meu pai, mamãe e eu com apenas três anos.

Embora com pouca idade na época, lembro alguns detalhes da viagem que começou com os preparativos da mesma, compra de roupas, a obtenção de algum dinheiro para os gastos normais do percurso e inclusive o fabrico de bolachas para serem levadas a fim de prevenir uma possível parada em algum lugar que não tivesse recurso de alimentação, já que não era raro acontecer problemas mecânicos com os poucos veículos que rodavam naqueles tempos.

Até Palmas viemos de carona em um caminhão carregado de madeira serrada em uma serraria que ficava perto de nossa casa, ai tivemos que posar em um dos poucos hotéis existentes na cidade, provavelmente tenha sido a primeira vez que vi uma lâmpada de luz, embora chegasse a ser amarela de tão fraca.

No dia seguinte conseguimos outra carona em um caminhão que fazia vendas nos armazéns da região, linha de ônibus normais não tinha, devido às constantes paradas levamos o dia todo para fazer o percurso que hoje é feito em pouco mais de uma hora.

O normal seria ir até Mariópolis, mas a dificuldade de conseguir condução nesta localidade, fez com que fossemos até Pato Branco, fazendo com isso um trajeto maior que o necessário.

Aqui quero contar da minha curiosidade de conhecer Pato Branco, desde que eu soube que iríamos vê-lo não parei de pedir insistentemente onde estava o pato branco e só fiquei satisfeito quando me mostraram em um pequeno açude vários patos nadando e entre eles um bem grande e totalmente branco e só a partir daí parei de importunar.

De Pato Branco ao destino final nem lembro mais como chegamos, lembro apenas que tivemos que fazer um bom trecho a pé, quando finalmente chegamos à casa dos nonos.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A IGREJA


                                                  Igreja de S. João (N. Sra. de Lourdes)


      Onde morávamos tinha uma pequena igreja de madeira onde eram realizadas as missas, que devido à distância e o pequeno número de padres, ali não eram freqüentes.


Fato um pouco curioso é que o lugar se chamava São João e a igreja era dedicada a N. Sra. De Lourdes, então soava estranho quando era anunciada a missa na Capela N. Sra. De Lourdes de São João, os primeiros moradores não atinaram com o fato.

Com o passar dos anos a igreja além de pequena já se apresentava com vários problemas na estrutura o que fez com que o povo do lugar decidisse pela construção de uma nova igreja.

Esta deveria ter uma aparência mais atualizada e um tamanho maior já que houve crescimento da população o que exigia mais espaço para as cerimônias ali realizadas.

Coube ao meu pai a construção da nova igreja, sendo inclusive o que poderíamos chamar de responsável técnico para a época, engenheiros eram raros e não era exigido o projeto como em nossos dias.

Praticamente papai construiu sozinho a obra, em poucas ocasiões precisou de auxílio de outras pessoas, apenas para levantar peças mais pesadas.

Lembro que eu, pequeno, muitas vezes levava seu almoço para que ele não precisasse ir até em casa distante uns dois quilômetros e com isso descansasse um pouco na hora do almoço.

Levou bastante tempo para que a igreja ficasse concluída, devido até pela falta de dinheiro para a compra do material usado na construção, dinheiro este conseguido por doações e principalmente com o lucro de festas que eram realizadas para este fim.

O término da construção ocorreu lá por 1967, portanto a mais de quarenta anos e esta igreja continua em pé servindo para o fim que foi destinado e pode ser vista nos dias de hoje na localidade de São João hoje Município de Coronel Domingos Soares.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O SÓTÃO

     Residência de Graciema e João Luza (1955). Saudadinha SC.
                                                                               

Nossa casa possuía a cobertura feita de uma forma pontiaguda, reflexo de construções européias que usavam o telhado com ângulos bem pronunciados a fim de que a neve que ocorria com freqüência naquele continente não se acumulasse sobre ele e com isso, devido ao peso, fazê-lo cair.


Com este modo de construir, a casa ficava com um espaço aproveitável entre o forro e a cobertura, podendo ser usado como quartos e no nosso caso como uma despensa onde eram guardados vários tipos de coisas pouco usadas.

Lembro que na época, eu com quatro ou cinco anos de idade, era o encarregado de abrir de manhã e fechar a noite duas janelas, uma em cada extremidade, existente neste sótão.

A medida servia para manter o ambiente ventilado, livrando-o de possíveis odores que pudessem surgir devido à variedade de coisas que eram ali depositadas.

Havia ali coisas estranhas incluindo até couros de animais e o crânio de um leão fora outros objetos que aos poucos, com o passar do tempo, ali eram depositados.

O acesso ao sótão, que também chamávamos de jirau, era feito por uma escada com pequenos degraus posicionada mais ou menos no meio da peça, com isso as duas janelas ficavam na mesma distância do local da saída.

Narrei todos estes detalhes para falar do medo que eu sentia de subir ao local para fechar as janelas, procurava ir antes do escurecer, mas algumas vezes devido algum contratempo tinha que ir no escuro mesmo e ai o coração disparava, quero salientar aqui que isso se passou a bem mais de quarenta anos, luz naquele tempo lá no interior, só de lampião a querozene.

A primeira janela, tudo bem, entrava ainda alguma claridade, a segunda eu fechava já voltado para a escada a qual descia correndo com o risco de tropeçar e com isso acabar me machucando, pior ainda era disfarçar dos pais e irmãos o pavor que eu sentia.

                               Obs: a casa a que me refiro no texto é posterior a esta e ficava no interior de Palmas PR.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

NEVE


                                           Neve em Palmas Pr (antigamente)

Com o aquecimento que vem ocorrendo já há alguns anos o fenômeno da queda de neve aqui na região de Palmas se tornou raro, mas isso era comum na época de minha infância, difícil era o ano que não acontecia nevascas até algumas de grandes proporções, como aquela de 1965, a maior que presenciei.


No mês de julho daquele ano houve queda de neve que teve a duração de três dias, ora mais forte ora menos sem interrupção acumulando em certos locais mais de 60 cm.

No inicio tudo era festa, principalmente para nós crianças, brincávamos e o frio não era tão forte, mas com o passar do tempo tornou-se preocupante em especial para os adultos que começaram a sentir problemas com a continuação da nevada.

Era difícil devido ao frio ficarmos dentro de casa, daí foi feito uma pequena fogueira dentro de um paiol que tínhamos perto sendo necessário para andarmos entre os dois pontos a retirada de grande camada de neve que se acumulava.

Foram feitos grandes rodos de madeira para retirar a neve de cima do telhado que poderia, devido ao enorme peso, vir abaixo.

Com o acumulo da neve sobre os pinheiros que ali existiam os galhos destes começaram a cair com grandes estrondos como também árvores inteiras tombavam.

Os animais estavam desorientados e berravam com fome por não terem mais acesso ao pasto.

Tenho que salientar ainda que os habitantes eram pessoas humildes e não tinham roupas quentes para agasalhá-las devidamente.

Foi com alivio que após três dias inteiros o sol voltou e ainda assim vários outros dias se passaram até que a neve derretesse completamente.

Presenciei várias outras nevadas, mas não tão grande como aquela.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Padre Nicolau

Até em nossos dias as comunidades do interior recebem com pouca freqüência a visita de um padre para a celebração de missa e outras cerimônias, imaginem vocês a mais de quarenta anos passados.


Os padres possuíam um único veículo, que era um Jipe, para se deslocarem às comunidades distantes e muitas vezes nem este que é adequado para terreno acidentado conseguia chegar ao local desejado tendo, portanto que fazerem uso de animais e algumas ocasiões a pé mesmo.

As visitas não eram previamente marcadas, quando o padre chegava à capela ou mesmo em alguma casa onde seria celebrada a missa, havia um corre-corre para avisar os vizinhos, muitos até bem distantes.

Nestas ocasiões eram feitos os batizados, sem nenhuma preparação dos pais e com crianças de várias idades, uns já bem grandinhos, aproveitando a passagem do padre porque outra vez não tinha data certa para acontecer.

No meu tempo de criança, conheci o Padre Nicolau, um sacerdote alemão que falava com sotaque acentuado, que era muito querido por todos devido à atenção que dedicava ao povo, resolvendo pequenos problemas, distribuindo remédios inclusive para casos menos graves.

Quando o Padre Nicolau chegava à comunidade era um grande acontecimento, mas a grande expectativa era distribuição que ele fazia de leite em pó para todas as famílias que tinham crianças, este leite para nós era uma novidade e nós pequenos adorávamos tomá-lo.

Padre Nicolau ficou em nossas lembranças e o produto que ele distribuía ficou conhecido para o povo humilde do interior como o “leite do Padre”.

sábado, 5 de setembro de 2009

PADRINHO

Meu padrinho era uma pessoa extremamente conhecida e benquista no lugar onde morávamos e em toda a região onde vivia, possuía o maior armazém, que chamávamos de “bodega”, atendendo a todos que dele precisassem mesmo aqueles que não tivessem o dinheiro na hora, fazia o fiado confiando apenas na palavra sem necessidade de documentos ou aval.


Para se ter uma idéia de como era respeitado por toda a vizinhança, apenas no dia em que fiquei sendo seu afilhado, havia mais oito crianças na mesma condição. Imagino que tenha sido padrinho de pelo menos 50 pessoas em sua vida.

Fui seu afilhado de crisma, senda a mesma realizada na capela do Butiá, localidade que distava alguns quilômetros de nossa casa, fomos em seu caminhão, um dos poucos que havia neste tempo, para este dia teve festa com a presença do Bispo Dom Carlos que realizou a cerimônia.

Padrinho Casimiro contava muitas histórias, sendo que a maioria delas tinha a sua participação, gostava muito de brincar e posso afirmar nunca tê-lo visto de mau humor, algumas vezes colocava as pessoas em má situação para em seguida mostrar que tudo não passava de brincadeira, apenas para alegrar o ambiente.

Tinha atenção para todos, não deixando ninguém de lado e todo o produto por ele vendido era seguido das devidas explicações que por acaso fossem necessárias para uso do mesmo.

O homem, naquele interior longe de recursos, servia inclusive de médico para certos casos, como tive a oportunidade de presenciar numa ocasião em que extraiu um tumor purulento das costas de um coitado. Lembro que na oportunidade não foi usada anestesia, apenas cachaça para o paciente e uma boa conversa para consolar o pobre. Sem contar as inúmeras vezes que receitava remédios para que tomassem, conforme o problema que sentiam, houve ocasião que até dentes extraiu.

Meu padrinho já é falecido, mas sem dúvida foi um personagem importante na minha infância a ele rendo homenagens.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O BAIANO

Até hoje não achei explicação do porque Bahia ter este H no meio, já que não produz som nenhum, mas não vem ao caso sobre o que quero contar em outra passagem da minha infância.


Morávamos no interior, meu pai era o chamado “pau prá toda obra”, além de carpinteiro, marceneiro, ferreiro e outras profissões, ainda produzia produtos agrícolas e para isso fazia grandes roçadas a fim de plantar milho, feijão e mais alguns cereais.

Para tanto nas épocas de plantio e colheita necessitava de pessoal para auxiliá-lo visto que naqueles tempos o trabalho era feito manualmente, máquinas surgiram mais tarde, mesmo porque o terreno não comportava o uso das mesmas e nem tínhamos condições de comprá-las caso estivessem à disposição na época.

Certo dia apareceu em nossa casa, pedindo serviço, uma figura por demais destoantes do lugar onde vivíamos um homem cuja cor bastante escura, contrastava com o branco impecável de suas roupas. Vestia branco da cabeça aos pés, inclusive os sapatos. E não era um traje só, todas as suas roupas tinham a mesma cor.

Para trabalhar no roçado foi preciso arrumar-lhe outras roupas pois as suas não condiziam com o trabalho a ser efetuado, mas nos domingos lá vinha ele totalmente de branco e era o centro das atenções por seu modo de vestir e mais que isso por sua simpatia e sorriso fácil além da boa prosa.

Comia qualquer coisa que lhe dessem com grande apetite e também inventava pratos estranhos com o que lhe aparecesse pela frente, alguns até que ficavam apreciáveis, outros não dava para encarar. Saladas de brotos de taquara e brotos de samambaias eram suas preferidas.

Algum tempo depois de surgir foi embora sem muitas explicações, eu na verdade nem lembro seu nome, se é que ele disse, pois sempre foi chamado de baiano que é como gostava de ser tratado.

Sua passagem marcou época, devido a sua figura pitoresca e seus ditos, falados com sotaque diferente do nosso.

Ainda hoje me causa estranheza a sua passagem por aquele lugar, longe de sua terra, suas maneiras um tanto finas não coadunavam com o modo das pessoas que lá moravam.

Não causou nada de desagradável para ninguém no pouco tempo que viveu entre nós, mas a dúvida ficou: seria um fugitivo, teria feito alguma coisa ilegal para vir parar em local tão afastado, longe muito longe da sua Bahia?

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O BODE PRETO


Em 1957 aconteceu uma grande tragédia onde perderam a vida cerca de trinta pessoas, ficou conhecido como o furacão de Palmas. O fato aconteceu na Fazenda Fortaleza com impacto maior em uma serraria existente no local, mas o rastro de destruição estendeu-se por muitos quilômetros deixando marcada sua passagem. Muitos anos depois ainda eram visíveis grandes árvores arrancadas de suas raízes e outras crescendo tortas devido ao forte vento que por ali passara.


Nasci quatro anos depois de o fato ter ocorrido e mesmo assim lembro-me dos estragos que causou.

Havia ao lado da estrada, nas imediações de onde passara o furacão, um poço de águas limpas que era usado pelos passantes e muitas vezes o local servia de pouso aos que vinham do interior para a cidade e vice-versa, depois que aconteceu a catástrofe diziam que ali aparecia em noites escuras um grande bode preto que com seus bufos medonhos assustava os que pernoitavam no lugar.

Com isso, nós crianças tínhamos medo de passar por ali mesmo de dia, e eu particularmente fiquei mais amedrontado ainda depois de ouvir um senhor contando a história que se passou com ele.

Este senhor, que possuía um automóvel, levava pessoas para cá ou para lá conforme a necessidade de cada uma fazendo às vezes de taxi. Certa ocasião no início da noite passando naquele lugar onde diziam aparecer o bode preto, aconteceu do motor do seu carro falhar e acabar morrendo, depois de várias tentativas para fazê-lo funcionar e não conseguindo, já desistindo estava fechando o capô do veículo que deixaria no local seguindo a pé, quando surgiu ao seu lado um homem pedindo carona para vir à cidade.

Procurando disfarçar o medo que sentiu, explicou a pane ocorrida no motor e para seu espanto o estranho disse-lhe para fazer mais uma tentativa de ligar o carro que funcionou perfeitamente.

Já vindo para a cidade com o carroneiro ao seu lado falaram do

acontecimento trágico que ceifara tantas vidas nas proximidades daquele local e para sua surpresa o homem lhe disse que havia sido apenas uma brincadeira que fizera anos atrás, mas que piores viriam.

Depois de deixar, na entrada da cidade, aquele personagem que lhe causava calafrios foi para casa e teve uma noite mal dormida devido aos últimos acontecimentos e na manhã seguinte precisou chamar um mecânico, pois não conseguiu fazer funcionar seu carro de jeito nenhum.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

ECLIPSE


Um eclipse (do grego έκλειψη, ekleipsi, "desvanecer") é um evento celeste que mais tem atraído a curiosidade humana com respeito a mecânica celeste. Um eclipse é quando um corpo celeste se sobrepõe a outro formando um cone de sombra que no caso risca a superfície terrestre formando uma zona de ocultação. Visto da terra, existem vários tipos de eclipse e o mais comum são os lunares que podem ser parciais ou totais. O eclipse total é quando os cones de sombras da penumbra e numbra terra são projetadas no disco lunar. Quando a Lua é vista da Terra passando na frente do Sol, podem ser do tipo anular ou total.


O texto acima foi retirado da Wilkpédia,bastante explicativo por sinal,hoje toda as pessoas, inclusive crianças sabem o que é o fenômeno que ocorre até com certa freqüencia.

Mas a mais de quarenta anos passados o evento era cercado de grandes mistérios que amedrontavam principalmente nós crianças na época.

Não liamos livros,o preço das pilhas para o rádio nos obrigava a ouvirmos poucos programas e televisão no interior era impensável naquele tempo, portanto as informações e conhecimentos eram transmititos pelos adultos e na maioria das vêzes eram deturpadas e cheias de crendices.

Imagine o medo que senti, quando com a idade de uns quatro anos houve um eclipse total lunar, a noite antes clara pela lua cheia sendo aos poucos tomada pela escuridão e a lua sumindo no ceu.

O que haviam nos dito é que um imenso dragão engoliria a lua, e pior, depois voltaria seus olhos para a terra e faria o mesmo com ela, seria o fim do mundo.

Lembro que chorei de alívio quando a lua foi surgindo novamente, se bem que o medo continuou, não foi desta vêz,mas haveria outras.

O fenômeno é realmente impressionante,como o que tive a oportunidade de presenciar já adulto e com informações corretas do que se tratava.

Quando quinze anos passados ocorreu um eclipse total solar em pleno dia,é claro, o sol tapado completamente, um friozinho caracteristico da noite,as estrelas todas no céu, os animais se recolhendo,inclusive os galos cantando com se fosse madrugada compreendemos a estranhesa e o medo que tomava conta das pessoas antigamente pois o fato é verdadeiramente impressionante.