sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O BAIANO

Até hoje não achei explicação do porque Bahia ter este H no meio, já que não produz som nenhum, mas não vem ao caso sobre o que quero contar em outra passagem da minha infância.


Morávamos no interior, meu pai era o chamado “pau prá toda obra”, além de carpinteiro, marceneiro, ferreiro e outras profissões, ainda produzia produtos agrícolas e para isso fazia grandes roçadas a fim de plantar milho, feijão e mais alguns cereais.

Para tanto nas épocas de plantio e colheita necessitava de pessoal para auxiliá-lo visto que naqueles tempos o trabalho era feito manualmente, máquinas surgiram mais tarde, mesmo porque o terreno não comportava o uso das mesmas e nem tínhamos condições de comprá-las caso estivessem à disposição na época.

Certo dia apareceu em nossa casa, pedindo serviço, uma figura por demais destoantes do lugar onde vivíamos um homem cuja cor bastante escura, contrastava com o branco impecável de suas roupas. Vestia branco da cabeça aos pés, inclusive os sapatos. E não era um traje só, todas as suas roupas tinham a mesma cor.

Para trabalhar no roçado foi preciso arrumar-lhe outras roupas pois as suas não condiziam com o trabalho a ser efetuado, mas nos domingos lá vinha ele totalmente de branco e era o centro das atenções por seu modo de vestir e mais que isso por sua simpatia e sorriso fácil além da boa prosa.

Comia qualquer coisa que lhe dessem com grande apetite e também inventava pratos estranhos com o que lhe aparecesse pela frente, alguns até que ficavam apreciáveis, outros não dava para encarar. Saladas de brotos de taquara e brotos de samambaias eram suas preferidas.

Algum tempo depois de surgir foi embora sem muitas explicações, eu na verdade nem lembro seu nome, se é que ele disse, pois sempre foi chamado de baiano que é como gostava de ser tratado.

Sua passagem marcou época, devido a sua figura pitoresca e seus ditos, falados com sotaque diferente do nosso.

Ainda hoje me causa estranheza a sua passagem por aquele lugar, longe de sua terra, suas maneiras um tanto finas não coadunavam com o modo das pessoas que lá moravam.

Não causou nada de desagradável para ninguém no pouco tempo que viveu entre nós, mas a dúvida ficou: seria um fugitivo, teria feito alguma coisa ilegal para vir parar em local tão afastado, longe muito longe da sua Bahia?

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