sábado, 3 de outubro de 2009

UM CRIME




Aconteceu na minha infância, isto quer dizer que foi há muitos anos atrás, havia uma serraria próximo de onde morávamos, naquele tempo era grande o número destas indústrias que derrubavam árvores, em especial pinheiros e imbuias, as mais abundantes e aproveitáveis madeiras da nossa região.


A onde uma destas serrarias se instalava transformava-se em uma pequena vila, com praticamente tudo o que era preciso para a sobrevivência de seus funcionários e também das demais pessoas que viviam nos arredores, incluindo ai escola, armazém e até igreja e devido as grandes distâncias as próprias casas dos trabalhadores eram feitas pela empresa nas proximidades evitando com isso o deslocamento de pessoas, sem dizer que o fornecimento da moradia era um incentivo a mais na hora da contratação de novos trabalhadores.

Esta serraria que me refiro era dirigida pelos seus próprios proprietários, que incluía além do casal, seus filhos e um genro e este ocupava o cargo de gerente da empresa. Aparentemente era uma família que se dava muito bem, nunca se soube de nenhum problema envolvendo seus membros até uma tarde, em pleno horário de trabalho, teve uma grande discussão culminando com agressões generalizadas, sendo que o próprio genro acabou desferindo golpes de machado acertando inclusive sua sogra.

O motivo da desavença não se tornou conhecido das pessoas alheias à família, mas foi presenciado por muitos funcionários que trabalhavam pelos arredores naquele momento e várias versões surgiram para explicar o caso que os interressados procuram abafar e desviar as atenções para outros assuntos. A medida imediata foi à mudança deste genro, juntamente com esposa e filhos para a sede do município, onde possuíam casa.

Passado pouco tempo, nos dias de carnaval, estava o genro na casa, de onde pouco saia, talvez prevendo alguma coisa devido a situação que se metera, quando em plena luz do dia e na companhia dos filhos pequenos ouviu que batiam na janela de vidros da sala onde se encontrava e olhando nesta direção deu com uma pessoa, usando máscara carnavalesca que mesmo a janela estando fechada desferiu dois tiros de revólver, acertando-lhes ambos e fugindo em seguida. Não tinha como ser socorrido devido à gravidade dos ferimentos e acabou morrendo no local.

O crime nunca foi esclarecido, nenhum suspeito foi interrogado, podemos culpar isso pela ineficiência da policia, seu pouco preparo naqueles tempos e talvez a situação social e econômica que gozava os interressados em abafar o acontecido.

O fato é que o filho presente na hora da tragédia, testemunha da morte violenta de seu pai, criança ainda, dizia quando ninguém da família estivesse presente que embora o atirador estivesse mascarado reconhecera nele um dos seus tios.

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