quarta-feira, 26 de agosto de 2009

JOAQUIM CAIXA

1
Era um andarilho que conheci quando criança, o apelido veio pelo seu costume de carregar uma caixa de madeira às costas com seus pertences. Mais tarde passou a carregar sacolas de tecido.
Um sujeito avantajado, para nós crianças, parecia enorme.
Inclusive tínhamos medo dele.
Vivia pelo interior do município, de casa em casa.
Não pedia nada, mas todos sabiam que ele queria alguma coisa para comer.
E não ia embora sem antes receber alguma comida.
Todos davam, alguns por piedade, outros para livrarem-se dele,pois após comer,sempre ia embora,nunca posava nas casas,dormia no mato.
Lembro que usava sandálias enormes feitas de pneus e tiras de couro, feitas por ele mesmo.
Tinha um hábito muito estranho, no café que lhe era dado, misturava querozene,que deixava um odor repulsivo.
Sumia por muito tempo, andava para bem longe, quando menos se esperava reaparecia.
Quando mudei para a cidade fiquei anos sem saber do seu paradeiro.
Voltei a vê-lo quando eu já era adulto, em uma fazenda pelos lados do Rincão Torcido.
Não era o mesmo Caixa que me causava medo pelo seu tamanho, coitado, estava magro,cadavérico,parecia que tinha encolhido.
Já não vivia de lá para cá, estava permanentemente nas proximidades desta fazenda, aparecia nas horas das refeições para ganhar comida e voltava para um capão de mato que havia ali perto.
Neste dia fizemos uma maldade para com o velho Caixa, disseram que eu era um padre e que viera para levá-lo para o asilo na cidade.
Coitado, sumiu no mato sem menos esperar pela comida.
Nunca mais vi o Joaquim, sem fiquei sabendo como terminou sua vida.

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