quinta-feira, 4 de março de 2010

UM GRANDE NEGÓCIO



Recordando minha infância vieram-me lembranças de um fato ocorrido quando dos meus sete anos de idade.


O maior bem, minha riqueza, que eu possuía era meu bodoque, chamávamos de setra, outros conhecem por estilingue, dependendo da região onde vive, e para quem não sabe, consiste basicamente de uma forquilha (galho em forma de Y) , duas peças de borracha e outra de couro, onde coloca-se a pequena pedra que será lançada.



Usávamos a atiradeira para praticar tiro ao alvo e muitas vezes para matar pequenos animais e pássaros. A consciência ecológica inexistia na época, foi há muito tempo passado.



Tive muitas propostas para vender meu precioso bem, mas sempre recusei, até que alguém ofereceu um isqueiro (conhecíamos por avio) em troca.





De começo recusei, para mim não tinha utilidade nenhuma, daí lembrei que meu pai fumava cachimbo e necessitava do objeto para acendê-lo.



Um aparte para explicar com funcionava os antigos isqueiros; consistia em duas peças metálicas, normalmente douradas, em uma das quais estava instalado o mecanismo que fazia com que surgisse uma pequena chama, provocada por um movimento do dedo polegar. A faísca, provocada por atrito em uma minúscula pedra, provocava a chama no pavio de algodão embebido de querosene colocado no interior do apetrecho.



A segunda peça metálica era apenas a tampa do avio.



Foi com maior orgulho que presenteei meu pai com o objeto adquirido, e, lembro até hoje a emoção que lhe causei. Em troca recebi um pacote de caramelos.



Foi o maior negócio que efetuei relacionado ao meu pai, que faleceu em um acidente pouco tempo depois.

Um comentário:

  1. Fiquei impressionada com a semelhança entre você e seu pai, nessa foto que colocou dele. Admiro a forma como escreve e a sensibilidade que tem.Fez-me recordar acontecimentos da minha infância, há poucos dias, em viagem ao interior, passei diante do colégio onde estudei o "primário", hoje,fundamental. Revivi na memória,diante dos seus muros que deixavam aparecer as folhas das grandes mangueiras, que ainda estão lá, as brincadeiras e algazarras do recreio e dos momentos antes de entrarmos para a sala. O mundo era só felicidade.

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